2009-03-02

[copyleft] Tudo o mais


Achei um artigo interessante aqui, intitulado "Como matar a Indústria Fonográfica". Jens Roland tem 8 hipóteses para explicar o problema da indústria de entretenimento:

  1. A indústria de games e computadores tornou-se um terceiro e inesperado competidor;
  2. Os consumidores podem importar um produto evitando pagar o preço local;
  3. CDs e MP3s têm um baixo índice de degradação tornando a recompra de um produto coisa do passado;
  4. Graças à tecnologia digital não é mais absurdo criar o próprio estúdio, aparecem, portanto, diversos novos competidores aos "Big 4";
  5. Com a World Wide Web o sistema de distribuição digital (aka iTunes) botou antigo modelo, baseado em capas, caixas e caminhões, no chinelo;
  6. O número de rádios ultra-especializadas e canais de TV via demanda cresceu vigorosamente, a compra de um produto tornou-se opcional para o ouvinte ocasional;
  7. Há 15, 20 anos atrás os jovens se reuniam simplesmente para ouvir música, hoje há diversas alternativas de entretenimento e os jovens não se reunirão sem uma atividade intermediando a música: Guitar Hero, Rock Band, danceterias, shows...
  8. Roland acredita que a indústria se sabotou quando, ao invés de vender digitalmente apenas álbuns inteiros, passou a comercializar faixas individuais. Normalmente um músico tem duas ou três faixas "de trabalho", jabaculês músicas que são divulgadas ad nauseam nas rádios e canais de TV. Certamente esta divulgação pode se tornar bem custosa, de modo que a compra das faixas obscuras pagava pela divulgação das faixas de trabalho.
Apesar de não concordar em diversos pontos com Roland, por exemplo, os "finados" Napster e o Audio Galaxy são anteriores à prática comercial da música digital e já se compartilhava áudio por faixas, mas podemos tirar inferências interessantes. Não era incomum descobrir no álbum que havia uma terceira, sexta ou sétima faixas melhores que as de divulgação, isso vem se perdendo. Nossa geração só ouve, vê, lê... o que quer, tudo sob um click. Mas é indo a lugares que não esperávamos, é fazendo coisas que não queríamos, que acabamos por descobrir algo novo, diferente e, por que não, melhor.

Curioso, o marketing da minha geração tentava fazer-nos crer que havia um objeto de completude e satisfação: recordo de um outdoor de sapatos que dizia "você é o que deseja". Hoje, se está claro que O objeto não existe, que a completude não existe, que ninguém tem aquilo que lhe falta, a indústria tenta obturar a falta com a máxima "muito mais do mesmo - e agora ao seu alcance ;^)". É a lógica do excesso no lugar da falta. E restando a insatisfação sempre é possível comprar mais, comer mais, ver mais, ter mais... Ou não? E quando não? E se não fizer diferença nenhuma? O que fazer com a falta? Tudo o mais.

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